top of page

01

Ponderações sobre a Depressão

   Existe o uso rotineiro e incorreto do termo depressão. É um termo amplamente usado e muito “contaminado” por isso temos que tomar muito cuidado quando uma pessoa é “mencionada como depressiva”. Como seres humanos temos que conviver com a dor. Aflição, desgosto e tristeza não são a mesma coisa que depressão. “Sentir-se ocasionalmente oprimido e triste” faz parte da natureza humana.

    A depressão é uma doença complexa, e para fenômenos complexos não há soluções simples, de nada adianta conclusões simplistas, inúmeros fatores podem estar por trás da sua origem. Muitas vezes fatores emocionais, sociais, biológicos e hereditários se sobrepõe dificultando ainda mais o seu diagnóstico. A própria definição de Depressão é complexa, existe uma tipologia e intensidade que fica difícil generalizar. Uma pessoa que ingressou em um processo depressivo por perder um familiar é completamente diferente de alguém que enfrentou um trauma na infância e repercute de forma sombria em sua vida adulta, que é diferente de alguém que é sobrecarregado pela situação econômica e vê seu mundo desabar em sua volta ou alguém que possui um familiar com depressão e começa também a sentir os primeiros sinais.

       Não tenho como objetivo fazer um diagnóstico da Depressão, este deve ser feito através de um profissional, mas diversos indícios devem nos deixar atentos.

    Muitos são sentidos de forma simultânea e devem apresentar duração de algumas semanas. São eles:

-Não consegue alegrar-se com mais nada...;

-Perda de esperança...padrões pessimistas e exagerados;

-Perda de confiança em si-mesma e nos outros;

-Incapacidade de tomar decisões;

-Perda de interesse em atividades costumeiras;

-Perda de apetite;

-Insônia;

-Sentimento de perda de energia e reação retardada aos eventos;

-Baixa concentração;

-Falta de sentido existencial;

       Atualmente estamos sendo submetidos a grandes mudanças na “forma de viver”, por si só causa grandes implicações na nossa vida. Depressões graves, atualmente são dez vezes mais frequentes do que há cinquenta anos.  Podemos hoje falar com toda segurança de duas epidemias neste momento uma atrelada a depressão e outra ao suicídio. As duas estão normalmente de “mãos dadas” na maioria dos casos, por isso deve-se ter o cuidado redobrado consigo e com as pessoas próximas em casos em que a depressão é considerada moderada e severa.

   Quando a depressão é considerada severa e moderada é indicado o acompanhamento juntamente com a psicoterapia de um psiquiatra, mas a medicação por si só tem efeito limitado e temporário. Nunca se prescreveu em nenhum outro momento tanto anti-depressivo, mas a depressão continua aumentando em proporções alarmantes. Se os antidepressivos funcionassem por si só os números estariam caindo, não é o caso. Uma ação multiprofissional é adequada em muitos casos.

     O uso de antidepressivos subiu 300% nos últimos 20 anos, mas a taxa de depressão continuou a aumentar. Um em cada nove americanos com mais de 12 anos está atualmente tomando um antidepressivo, e um em cada cinco já esteve neles em algum momento. (The Depression Cure, Stephen Ildari)

      A busca de um psicoterapeuta por uma pessoa depressiva enfrenta talvez um grande obstáculo que é a pessoa vencer por si só a letargia que a Depressão causa, a falta de iniciativa e energia. Nestes casos é de fundamental importância o auxílio de um familiar para incentivar e apoiar esta iniciativa.

      Se a Depressão tem cura? Mesmo em casos crônicos onde temos prognósticos mais difíceis, que temos que aceitar a depressão como parte da vida consegue-se avançar muitos com o uso adequado de uma farmacologia e um tratamento psicoterapêutico. Podemos aprender muito e saber conviver com ela a ponto de termos uma vida plena.

        Para a depressão, bem como para todas as outras doenças, vale o que Sigmund Freud dizia: “O objetivo de qualquer terapia não é a cura completa, pois o ser humano já é considerado “sadio” quando é capaz de amar e de trabalhar.(Depression, Ursula Nuber)

     “A depressão é como uma mulher vestida de preto. Se ela aparecer, não a afaste. Convide-a para entrar, ofereça-lhe um assento, trate-a como uma convidada e ouça o que ela tem a dizer.” C.G.Jung.

     A depressão não existe  no vácuo (...)A depressão é um estado de ser altamente inteligente M.V. Franz.

   Boa Terapia!

floresta névoa

02

Ponderações sobre Ansiedade

      Vivemos normalmente entre duas situações. Ou estamos deprimidos por vivermos dentro de nossa zona de conforto e vivendo de forma subdesenvolvida em relação aos nossos objetivos pessoais mais profundos ou assumimos riscos e projetos ambiciosos demais, que vão além de nossa capacidade, gerando uma carga de stress e ansiedade que podem nos levar ao colapso e desencadear diversas somatizações. Assim, o objetivo juntamente com o terapeuta seja achar uma forma de evitarmos os extremos dessa "escala" e nos colocarmos de forma sustentável em movimento. Mas existencialmente podemos crescer para onde?

 

      A ansiedade como o medo é um sentimento universal e humano.

 

      Épocas de transformação sempre contém um risco, que naturalmente geram ansiedade, tentamos de alguma forma buscar a transformação sem querermos sentir a ansiedade e o medo que dela acarretam buscando um atalho. Devemos nos perguntar essa transformação é viável e condizente com meus anseios mais profundos? Sou validado por mim mesmo?

 

      A vida adulta pressupõe assumir riscos.

 

      Colapsamos porque exigimos de nós muito mais do que podemos dar, “emocionalmente nos violentamos”, faltamos com o nosso devido respeito a nós mesmos, o corpo nos cobra. “É simples assim.” É como um treinamento para correr mais rápido em que nos adaptamos até um certo ponto, por mais perfeito que seja nosso treino numa medida desesperada nosso corpo “quebra” se lesiona para nos resguardar de danos maiores. Emocionalmente não é diferente, vamos suportando e armazenando numa “memória emocional”, num ritmo muito maior que conseguimos elaborar até que a ansiedade se torna como um “grito” impossível de não escutar. Sim, você pode tentar silenciá-la com medicamentos, mas isso funcionará de forma paliativa, momentaneamente, converse com pessoas que tomaram ansiolíticos por décadas e tire suas conclusões. Mesmo em situações em que não tivemos escolha, em situações dramáticas que nos chegaram por um acidente, pela perda de emprego, uma doença, podemos tentar achar formas a ajustar nossa percepção de como aquilo está chegando até nós, de encontrarmos um sentido maior sobre o que nos aconteceu e como vamos suportar esse momento.

 

      “A simbiose com o outro é uma forma de evitarmos a separação/ansiedade e com ela deixamos de viver nossa individualidade” Verena Kast.

 

      A ansiedade tem um lado natural da vida, toda vez que entramos em uma situação nova, que nos desafia é natural sentirmos um certo desconforto, é a ansiedade dando as mãos para o medo que nos alerta para termos o devido cuidado. Nossa cultura também é falha em não nos ensinar a lidar com Ansiedade, assim que sentimos os primeiros sinais de ansiedade já tentamos covardemente nos esquivar. Na terapia também tratamos de uma ansiedade que ultrapassa esse nível aceitável, é aquela que nos consome, que nos compromete, que se torna um ponto nodal e que tudo parece girar em torno dela. É a ansiedade gerada pelo impasse que nos atordoa.

 

     A terapia vem no sentido de ser um espaço protegido, que nos permite “curar” nossas feridas, falar dos nossos sonhos e aflições, os desafios e medos da nossa jornada, perceber aonde e qual melhor forma de enfrentar as adversidades que nos são impostas pela vida ou pelas nossas escolhas, ou pelos acidentes que a vida nos traz.

 

          A terapia tem de lidar com "ansiedade da cura", aquele aspecto do paciente que não consegue respeitar o tempo da cura, que quer o resultado instantâneo.

 

      “Não apresse o rio (ele corre sozinho) ” Barry Stevens

Ponte sobre um rio

03

Ponderações No meio da vida...

“Seja paciente com relação a tudo que não está solucionado no seu coração e tente amar as perguntas nelas mesmas...Não procure agora as respostas, que não podem ser dadas a você porque não seria capaz de vive-las. O importante é viver tudo. Viver é a questão agora. Talvez então, aos poucos, sem perceber, você viva e encontre num dia distante a resposta”. Rilke, Cartas de um jovem poeta.

Precisa correr o risco de propor a si mesmo as seguintes perguntas. Como ser homem? Como enfrentar o medo? Como encontrar coragem? Como realizar escolhas impopulares? Como equilibrar o masculino e o feminino? Como localizar e mover-se de acordo com o giroscópio da alma...pelo menos estaria propondo as perguntas certas. J. Hollis.

vida selvagem
bottom of page